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sábado, 28 de maio de 2011

Carta a uma professora

                               Carta a uma professora
Pelos rapazes da Escola Barbiana


A experiência dos Rapazes de Barbiana com a escola
 “Todos os cidadãos são iguais diante da lei, sem distinção de raça, língua, condições pessoais e sociais. É dever da República remover os obstáculos de ordem econômica e social, que, limitando de fato a liberdade e a igualdade dos cidadãos, impedem o pleno desenvolvimento da pessoa humana e a efetiva participação de todos os trabalhadores na organização política, econômica e social do País.” (Art. 3.) pg. 45
      A primeira experiência relatada no livro consta na página 7, “... a senhora me dava medo.” mostrando claramente o quanto a professora os intimidava com a prepotência de uma pessoa que estava acima de cada aluno presente, tanto em conhecimento como ascensão social, pois entendiam que os professores estavam ali pelo salário, pelos privilégios que o cargo oferecia e superiores a classe operária.
     Nesta escola, eles compreenderam que era um lugar de desigualdade, onde havia a discriminação e desigualdade, ferindo a Constituição. Não havia intenção de conscientizar os alunos, com a educação escolar, para com isso mudar a situação daquele grupo, explorado pelas indústrias e que sofria com a pobreza.
      “Até mesmo o aborto a que vocês chamam escola.” (pg.23), relata a evasão de alunos que repetiam o ano ou desistiam da escola, acreditando não serem capazes de aprender a matéria ministrada em sala de aula, mas que falam sobre a desistência da professora, cujo desinteresse em ensinar os pobres, deu-lhes uma educação de baixa qualidade. Não os ajudava nas dificuldades de ortografia e compreensão da leitura. Falaram até da experiência de estudar uma língua morta, o latim, pois já não era mais usada e não viam onde poderia ser aplicada. Mesmo assim, ela não mostrou preocupação por nenhum aluno perdido, mas achava justo repetí-los, sem culpar a si própria pelo fracasso deles.
     Mesmo os pais, que enviavam seus filhos para a escola, acreditando na oportunidade de vê-los educados para que não passassem pelas privações a que eram submetidos, sofriam a discriminação por não saberem ler e escrever. Oportunidade que não tiveram ou se tiveram, perdeu-se pela necessidade de trabalhar. Assim era o pobre e a escola não os deixava esquecer quem era cada um ali.
     Outra desigualdade latente, percebida e sofrida, foi a de que os filhos da elite (os Pierinos) são instruídos dentro de casa, entram para escola, adiantado dos demais e passam de ano sempre. “Viveu sempre entre colegas mais velhos. Não amadureceu, mas foi treinado para enfrentar os adultos. É daqueles que serão sempre desenvoltos como a senhora.”
     A escola foi como um tribunal, onde os professores são os juízes e determinam quem é o melhor e o pior. Quem fica, quem vai.
Função social da escola pelos Rapazes de Barbiana
     A função social da escola naquele momento era caracterizar os alunos como marginais ou incapazes no aprendizado, com a contribuição dos professores que dificultava o ensino. Não utilizavam o dia a dia dos alunos como base no currículo escolar para reforçar os problemas sociais em que viviam e mostrar que a história se repete. Não entendiam a realidade de vida dos alunos pobres e várias vezes citaram no livro, de que vale os estudos se a teoria do que aprendiam não podia ser posto em prática no meio em que viviam.
     Não ensinavam Educação Cívica, sugerida pelos Rapazes, pois os professores teriam que conhecer o sistema social do proletariado, onde saberia das crises do meio de transporte, a fome e explicar os sistemas políticos. A escola deveria ser um lugar de alfabetização, porém os professores ao perceberem que o aluno apresenta dificuldades, é posto de lado como doente incurável, sem regeneração. Com isso, acreditavam que os exames prejudicavam, pois tinha como finalidade prejudicar e selecionar os capazes e incapazes.
     “Ao invés de remover os obstáculos, trabalham para aumentar as diferenças.” (pg.46), eles descrevem a escola como seletiva onde cria a elite que domina a palavra e tira do pobre os meios de expressão, pois para as empresas locais, a repetência em massa que causa a evasão escolar e a falta de conhecimento tornavam os funcionários mais dóceis, pois a necessidade de trabalho muitas vezes vem antes da importância de adquirir conhecimento.
     Esta era a função da escola para os Rapazes, produzir funcionários manipuláveis, povo incapaz de perceber as manobras políticas, inibir as greves trabalhistas, pois não discutiam política em sala de aula e principalmente criar homens que manejam a linguagem floreada para dificultar o entendimento e a comunicação com o pobre, para caçoar ou reprová-los. Manter a elite no poder e os pobres dominados.
Reformas educacionais propostas pelos Rapazes de Barbiana
     “Para que o sonho de igualdade não permaneça um sonho propomos três reformas:
1.    Não reprovar.
Todos os alunos estão aptos a cursar a terceira série e todos estão aptos para todas as matérias.
2.    Aos que parecem cretinos dar-lhes escola em tempo integral.
Quando tempo de escola é curto, o programa atende apenas as urgências. Eu os pagaria por contrato. Uma determinada quantia por aluno que aprende todas as matérias. Ou melhor, multa por todo rapaz que não aprende nenhuma.
3.    Aos preguiçosos basta dar um objetivo.
Procurariam no olhar distraído dele a mesma inteligência que Deus deu aos outros. Lutariam pelos alunos mais carentes, descuidando um pouco dos privilegiados, como se faz em todas as famílias. Acordariam a noite com o pensamento fixo nele a procurar um novo modo de dar aula, de acordo com a necessidade dele. Iriam busca-lo em casa se não voltasse.” (pgs.58 e 59)
     Ainda na página 81, eles repreendem a professora no que diferencia o homem do animal: “O aprendizado é a única diferença que existe entre os homens e os bichos. O professor dá ao aluno tudo aquilo em que acredita, ama, tem esperança. O rapaz cresce, acrescenta mais alguma coisa e assim a humanidade caminha.”
     Eles queriam professores que se importasse com cada um dos alunos, dedicando seus esforços e passando seu conhecimento à eles, reconhecendo-os capazes em aprender, mesmo quando suas mente vagasse por outros lugares. Que tivessem a ousadia de criar aulas estimulantes para prender a atenção e despertar a curiosidade para o que é ensinado.
     As horas, neste caso duas horas de aulas, venham a ser modificada em mais horas para que lhes dê tempo de assimilar o estudo e não esquecer-se dele ao voltar para casa e a pobreza.
Principalmente, não os olhassem como seres inferiores, mas que acreditassem neles como homens que fariam diferença para a sociedade, desde que instruídos adequadamente.


A função da escola é criar seres pensantes, amadurecidos no conhecimento e em busca de novos. Buscar o direito de igualdade nos estudos e ascensão financeira, liberdade na qualidade de vida desejada, como é mostrada pelas propagandas de televisão e fraternidade no trabalho e sua família.
          Tirar os altos e baixos de aprendizagem, onde alguns professores ensinaram outros com descaso, uns que não se importavam e outros que conscientizaram, oferecer educação política e não ideologia romântica dos acontecimentos históricos que não explicam a nossa situação econômica e nos armar com a  ferramenta do conhecimento para resistir e lutar pelo direito a uma faculdade gratuita e igualdade na sociedade.
                       Este foi o meu trabalho para a faculdade. 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Depoimento da prof.ª Amanda Gurgel


                                                                Ela falou tudo. Parabéns!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O SUCESSO ALHEIO - LYA LUFT

 "Curtimos muito mal o sucesso alheio, a alegria alheia, o amor alheio. Quando não gostamos de nossa própria vida, odiamos pensar que alguém possa estar contente com a sua. Supervalorizamos o momento bom do outro, não para o curtimos com ele, mas como se isso o tornasse maior ou melhor que nós, e o tratamos como réu: culpado de não fracassar, não ser vaiado, não ficar sozinho, nem mofar na prateleira." Talvez isso explique o fato de não recebermos às vezes os elogios que merecemos, os carinhos que deveríamos receber, é que nosso sucesso dói demais aos outros.

      Quando estava a caminho do trabalho, uns anos atrás, observava as moças saindo ou indo para a    faculdade e imaginava quando seria a minha vez. Eu me imaginava segundo livros, estudando matérias, debatendo em sala de aula e aprendendo, aprendendo, aprendendo...
      Em nenhum momento imaginei a convivência em sala de aula, as dificuldades de encontrar pessoas que não se entusiasmam pelas matérias, cujo aprendizado deveria chegar-lhes sem dificuldade, professor que deixa a desejar, deixando uma matéria que deveria ser estimulante, ser esmigalhada em uma aula mau elaborada. 
       No desejo do sonho realizado, esqueci-me que a realidade é outra, mas que ainda assim não quero desistir. Quero mais do que nunca continuar e oro a Deus que permaneça em meu coração a alegria de estudar e fazer diferencial para obra do Senhor, não importando as dificuldades e pessoas que esperam o meu insucesso.
       Desejei, ardentemente, encontrar pessoas com igual ou mais entusiasmo na pedagogia, que não visse em mim arrogância, mas só alegria de concretizar um sonho tão difícil, cuja dedicação e trabalho, resultou em meu sucesso, até agora.
       Quero ser educadora! Quero ser professora!
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