Vamos
descrever as características de cada uma, utilizando, somente, os diálogos da
autora Gohn (2006), pois a autora explícita de forma clara e objetiva o que
queremos transmitir (grifo das autoras).
“Na
educação informal, os agentes educadores são os pais, a família em geral, os
amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja paroquial, os meios de
comunicação de massa, etc.”.; os espaços educativos são demarcados por sua
nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc.; sua moradia, a
rua, o bairro, o condomínio, áreas de lazer que frequenta, sua igreja ou o
local de culto a que se vincula sua crença religiosa, o local onde se nasceu,
etc. Os ambientes são espontâneos, com direito a manter as relações sociais
conforme os gostos, preferências, ou pertencimentos herdados.
A educação
informal socializa os indivíduos, desenvolvem hábitos, atitudes,
comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem, segundo
valores e crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança, desde
o nascimento. Trata-se do processo de socialização dos indivíduos (p.29).
A
educação informal não organiza os conhecimentos e nem existe um sistema, mas
“são repassados a partir das práticas e experiência anteriores, usualmente é o
passado orientando o presente”, atuando nas emoções e sentimentos, não sendo
organizada por séries/ idade/conteúdos; trabalha e forma a cultura política de
um grupo, cujo resultado é o “desenvolvimento do senso comum nos indivíduos,
senso este que orienta suas formas de pensar e agir espontaneamente”.
Na
educação formal o educador são os professores que trabalham em “instituições
regulamentadas por lei, certificadoras, organizadas segundo diretrizes nacionais”;
os ambientes têm normas, regras e padrões comportamentais a serem respeitados;
seu maior objetivo é o ensino e a aprendizagem de conteúdos historicamente
sistematizados, normatizados por leis, com intuito na formação do indivíduo
como um cidadão ativo, desenvolvendo habilidades e competências, a
criatividade, percepção, motricidade etc. Mas, acima de tudo “que haja uma
aprendizagem efetiva (que, infelizmente nem sempre ocorre), além da
certificação e titulação que capacitam os indivíduos a seguir para graus mais
avançados”.
Na
educação não formal, “o grande
educador é o “outro”, aquele com quem interagimos ou nos integramos”; os
espaços educativos estão além dos muros das escolas, em locais informais e
oportuniza os processos interativos intencionais (a questão da intencionalidade
é um elemento importante de diferenciação), porque os ambientes e situações
compartilhados com o outro permite a construção do coletivo, na
intencionalidade da ação, do ato de participar, de aprender e de transmitir ou
trocar saberes. Influencia a capacidade dos indivíduos a conviver e a serem
cidadãos do mundo, no mundo.
Abrir
janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas
relações sociais é um dos conceitos importantes desta educação, construindo
interativamente um modo de educar, surgindo como resultado do processo voltado
para os interesses e as necessidades que participa e necessita se
baseando nos princípios de igualdade e justiça social, e assim fortalecendo o
exercício da cidadania, dando a transmissão de informação e formação política e
sociocultural.
Porém
há déficits que causam um rombo na efetivação educacional e dificulta, muitas
vezes, a aprendizagem das crianças é a formação específica a educadores que
compreendam claramente as funções e objetivos da educação não formal;
Apesar
da educação não formal apresentar alguns aspectos da educação formal,
exemplificando a formação de um cidadão pleno, ela tem também a possibilidade
de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, como por exemplo, um
conselho ou a participação na luta social, contra as discriminações e a favor
das diferenças culturais etc.
Quando
presente em programas com crianças ou jovens e adolescentes a educação não
formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e os
manuais de autoajuda denominam, simplificadamente, como a autoestima); ou seja
dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de autovalorização,
de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para
ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro de suas
diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais, etc.)
Faz se
sentirem pertencentes a um lugar, construindo sua identidade coletiva do grupo
(este é um dos grandes destaques da educação não formal na atualidade); fundamentando-se
no critério da solidariedade e da identificação de interesses comuns.
Cendales
e Mariña (2006) descrevem que é necessário trilhar caminhos para alcançar
propósitos efetivo para a educação, cujo fator crucial é a realização desta
educação que conscientiza a população de risco ou marginalizada, como crianças
de rua, mães que são chefes de família, moradores de bairros populares,
indígenas, pessoas com AIDS, viciadas em drogas, imigrantes, jovens
trabalhadores e outros. Além disso, atuam também em áreas especificas como
saúde, alfabetização, formação cristã, atenção alimentar, teatro, música e
outros.
Os
mesmo autores ressaltam que dependendo da população em que esta sendo
trabalhada, vários temas podem ser abordados, “com crianças de rua por exemplo, podem-se realizar projetos de
alfabetização, teatro, formação de profissional e etc”. Com um único público,
vários objetivos podem ser alcançados, podendo o educador ter autonomia para
abordar uma série de projetos vinculados a uma educação formadora. Os autores
ainda descrevem, quando se trabalha determinados projetos outros públicos podem
ser alcançados, por exemplo, o trabalho com jovens podem atingir mães de
família, imigrantes e outros.
5 Espaços de realização da educação não formal.
De
acordo com Gohn (2003) a participação social da população, que trazia em seu
contexto a educação não formal, teve seu início a partir dos movimentos
sociais. Com a diminuição desses movimentos foi “proporcionado o surgimento e
crescimento de redes de Organizações Não-Governamentais (ONGs)” que tinha como
objetivo o “trabalho em parceria com as populações pobres ou fora do mercado de
trabalho”.
Esses trabalhos, ou melhor, essa educação pode ser
realizada em diversos espaços educacionais ou não, sendo assim a educação não
formal intitulada de terceiro setor, formada, conforme Barros e Santos, “por
fundações, entidades beneficentes, fundos comunitários, entidades sem fins
lucrativos, empresas com responsabilidade social, enfim, as denominadas ONGs”,
sendo elas a formadora de “ambientes alternativos de educação, os quais
constituem uma área diferente da atuação do pedagogo”.
A expressão
ONG foi criada pela ONU na década de 1940 para designar entidades não oficiais
que recebiam ajuda financeira de órgãos públicos para executar projetos de
interesse social, dentro de uma filosofia de trabalho denominada “desenvolvimento
de comunidade” (GONH, 1997, p. 54, apund SANTOS e BARROS, p. 02).
É preciso compreender que há uma diferença entre
movimentos sociais e organizações. Gonh (2003) descreve que as ONGs “precisam
ter sistemas de relações internas informais”, ou burocracia, “ser no mínimo
eficiente”, preocupando-se com tempo de atuação e ter um “cotidiano continuo”,
prestando conta de todo o seu serviço para o órgão que a financia, seguindo
todas as normas estabelecidas pelo mesmo. Além disso, diz a autora “ela ocupa o
locus do chamado comunitário, público privado, ou o público não estatal”.
Entidades,
por excelências, procuradas para servir de mediadoras nas politicas de parcerias,
ou seja, politicas que articulam o governo e a comunidade organizada.
Entendemos que a questão da modernidade é histórica. Cada época elabora seu
sistema de modernidade. Ser moderno neste final de século é ser um misto do
novo e do antigo; é unir valores humanos com a técnica e a racionalidade
cientifica, é pensar no coletivo sem esquecer o individuo. As ONGs desenham
este perfil (GONH,2003,p.64).
6 A educação não formal e o educador social
De acordo com a LDB de 96 a formação dos profissionais da
educação tem como finalidade atender os objetivos de diferentes etapas de
modalidades de ensino. Desde então, a formação do educador tem em seus
objetivos sua atuação em “comunidades organizadas, onde as práticas educativas
estão presentes e ele é um elemento estratégico nas ações coletivas da educação
não formal” (GOHN, 2010, p.50).
A autora continua descrevendo que o educador social deve
ser um incentivador social do grupo em que trabalha, porém, para que o seu
trabalho seja “ativo, propositivo e interativo” ele deve buscar desafiar o seu
grupo na medida em que estão construindo o conhecimento. Por exemplo, na
construção de determinados “textos (escritos, falados, gestuais, gráficos,
simbólicos e etc.)” deve-se buscar mecanismo de aprendizagem que desafiem o seu
aluno tirando-o da sua zona de conforto e leve-os a participar da aula ativamente.
Por isso, continua o autor, os educadores sociais são importantes para
potencializar e desenvolver o processo participativo com qualidade de seus
educandos.
Portanto, continua o mesmo autor, seguindo a pedagogia de
Paulo Freire o trabalho do educador social se resume em três partes distintas:
conhecer os problemas e as necessidades de seus educandos, esclarecimento da
sua proposta de trabalho e os processos de desenvolvimento da participação do
grupo ou da própria comunidade em que esta sendo trabalhada.
Neste processo o educador ensina e aprende com seus
educandos. Gohn (2010) nesta direção lembra que a comunicação é uma ferramenta de
grande importância nesse processo, porém, o que é “primordial é a sensibilidade
para entender e captar a cultura local, do outro, do diferente, do nativo
daquela região”.
O
papel do educador social é valorizar os saberes anteriores dos alunos
comparando com os saberes locais, momentâneos ou não, buscando assim
desenvolver um trabalho em conjunto com seus educandos. “Nos territórios em que
há o trabalho do (a) educador (a) social com a comunidade, se poderá construir
ou reconstruir o tecido social existente, bastante fragmentado na atualidade”
(GOHN, 2010, p. 55).
Conclui-se
que estas diferenças educacionais apresentadas neste trabalho nos leva a
reconhecer a diversidade de educação e como pode ser ampliado o agir da
sociedade e o nosso agir, principalmente, como pedagogo.
Não
há nenhuma intenção em dizer que a educação formal deva ser instinto ou fazer
dela algo tenebroso a ponto de nos causar repúdio, enaltecendo a educação não
formal como a única forma adequada de educação, mas sabermos identificar que há
diferenças na atuação e formação. O que verdadeiramente importa (e queremos
muito, muito acreditar nisto) é que as pessoas que se dispõem a atuar na
educação não formal realmente se importem em ajudar as pessoas que estão à
margem da sociedade.
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