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domingo, 9 de setembro de 2012

Rubem Alves: Cap. III - Aos que moram nos templos da ciência

A primeira forma de construir o conhecimento é através das experiências, que tem causas e consequências, ensinando como agir em situações, iguais ou similares. Sentir, amar, experimentar, investigar e compartilhar, situações estas que só vivenciando, passa-se a construir o conhecimento. Primeiro é preciso sentir o “sabor”, para então compreender o sabor e saber identificá-lo.
Fui trabalhar em uma escola preparatória para o exame da OAB, onde eu ouvia, digitava, xerocava e preparava apostilas sobre leis. Eu não aprendi o conhecimento da interpretação das leis (que é científico), mas a experiência em ler algumas, beneficiou-me em algumas situações. Não gosto do Direito como estudo, por isso não me aprofundei, então, busquei outra forma de remuneração. Para isso, eu tinha que adquirir outros conhecimentos, ou seja, conhecimento científico.
Para trabalhar em um laboratório, especificamente na Cardiologia, era necessário interpretar os traçados, cujos eletrodos e o computador me mostravam. Precisei conhecer, cientificamente, o coração e suas funções. Mas só ao vivenciar o atendimento a cada cliente, que associei o que Rubem Alves descreve como as duas maneiras de se construir o conhecimento, usando a parábola da rede de pesca. A construção da rede que pesca peixes para serem comidos e beneficiar os outros e a organização da confraria. Posso ter o conhecimento científico, mas “a alma humana não pode ser conhecida “em geral”, cientificamente. Cada pessoa é única.” (p.119)
Concluindo: Posso identificar problemas cardíacos em traçados, mas se eu não tiver a sensibilidade de reconhecer os problemas humanos, não saberei identificar os problemas do coração (emocional). Isto a ciência não explica.
Usando a minha experiência na Cardiologia, posso dizer os tipos de pessoas que ruminam o conhecimento cardiológico e não aceitam que as coisas podem advir das causas emocionais ou muitas vezes, pela falta do emocional.
Só há a visão do superficial e a ciência dos traçados é a realidade, rejeitando o que o traçado não identifica. A vida, a experiência e os temores da pessoa não são avaliados nos traçados, pois a psicologia, neste caso, é totalmente rejeitada.
Em minha vida acadêmica, tenho aprendido que a minha mente é como útero, que fecunda a imaginação, formando um feto, ou melhor, o pensamento. Assim é todos os dias, mãe de vários filhos, que nascem ao assistir uma aula proveitosa ou realizar trabalhos que me enriquecem. Aprender teorias científicas, mas buscando a arte de ensinar. Artista da educação, que dá sabor a pedagogia.
            Rubem Alves diz que, (“...) Frequentemente as pessoas ficam emburrecidas em decorrência das palavras que ficam grudadas em sua inteligência”. A ciência nos fascina, nos fazendo desejá-la, almejando o saber científico. Mas se a busca desse saber, nos torna incapaz de transmitir o conhecimento, ele nada vale. De nada vale o acúmulo de informações se ele vir a morrer conosco, sem deixar um legado ou acrescentar algo para as pessoas.
            A ciência não pode estar acima das pessoas, mas para servir as pessoas. A ciência é importante. Graças a ela este trabalho poupou muitas folhas de rascunhos, aonde certamente iria para o lixo depois. Enquanto aqui, no computador, posso digitar e se não servir uso o DELL repetidas vezes e pronto.  Aqui está a imagem fiel do que me vem à cabeça e descrita em palavras. Tão real e espontânea, cujo objetivo é receber uma nota que ajudará a classificar o quanto aprendi. As palavras são para impulsionar a humanidade a novas conquistas e a ciência para tornar esta conquista mais fácil.
            O autor, Rubem Alves, exemplifica a rede para pegar o peixe, como explicação do que é real para a ciência, pois o que a ciência não explica, é rejeitado como imprestável ou utopia. As ideias não são pescadas por redes, porque as ideias fluem. Se houver a obsessão em métodos, deixará de ser eficaz e será impedida de ter boas ideias. Isto pode deixar as pessoas, intolerantes e cheios de perguntas, transformando a ciência como fonte única da verdade, quase ou uma religião, “um dogma sobre a única via metodológica para conhecer a realidade”. (p.110) Se acontecer, estamos fechados para ver as belezas que a ciência não consegue explicar. Nos deixa burros e cegos.
REFERÊNCIA:
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. Cap. 3 (p. 81-123); 21ª edição; ed. Loyola, São Paulo, Brasil, 1999.
           

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