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segunda-feira, 16 de março de 2015

A INFLUÊNCIA DO PROFESSOR



O pedagogo ao longo do tempo

 Ao longo dos anos a noção do que é pedagogia, tem sofrido várias transformações até chegar ao que é hoje, de acordo com Morandi (2008, p.31,):

A noção de pedagogia tem outra história, fortemente marcada por sua origem, “pedagogo” é aquele que se encarrega da criança (pais, criança; ageim, agögé, direção, condução). No entanto o paidagôgos é primeiramente apenas aquele que leva a criança para a escola (antes de se tornar preceptor); é, então mais um vigilante do que um instrutor. Atribui-se a função de “mestre”, sobretudo ao didaskalos, repetidor ou “professor”.

O papel do pedagogo ao longo da história era de condutor, encarregado para educar; mestre, assim descreve Morandi (1998), e completa: “O pedagogo transformou-se em magíster, instigador, guia, com a função de dirigir as aprendizagens”. Magíster, palavra de origem latina, Morandi (1998) descreve o seu significado como mestre, cuja conduta conduz instrução e a consciência, a imagem está associada ao saber, à transmissão e ao vinculo com o aluno, o autor cita Rebelais, “ninguém aprende sem um mestre”.

 A primeira constatação que se impõe quando se percorre os índices das histórias da pedagogia, é o número proporcionalmente considerável dos inovadores em pedagogia que não eram educadores profissionais. COMENIUS criou e dirigiu escolas, mas era teólogo e filósofo de formação. ROUSSEAU não dava aulas e, se teve filhos, sabe-se que pouco se ocupou deles. FROEBEL, criador dos jardins de infância e defensor de uma educação sensorial (aliás, bem insuficiente), era químico e filósofo. HERBART era psicólogo e filósofo. Entre os contemporâneos, DEWEY era filósofo, Madame MONTESSORI, DECROLY, CLAPARÈDE eram médicos, e os dois últimos também psicólogos. O mais ilustre talvez, dos pedagogos que não era senão educador (por sinal, muito moderno), isto é, PESTALOZZI, na realidade não inventou métodos ou processos novos, a não ser o emprego da ardósia e assim, mesmo por razões de economia... (Piaget, 1998, p.17)

Quando se é professor, ensina-se, mas a prática é de mestre. “O mestre é aquele que comanda, dirige, ensina” (MORANDI, 2008, p.31). Por meio das mudanças na forma de ensinar, pode-se perceber que a maneira a qual o ensinamento será passado depende das transformações do homem, ou seja, para que o pedagogo possa ensinar é necessário avaliar as necessidades da sociedade a qual ele se insere e principalmente é preciso que tenha pessoas dispostas a aprender, afinal o processo de ensino e aprendizagem faz parte de uma troca, na qual o ensinando também aprende com o aprendiz e com as transformações sofridas pela sociedade. Em relação a isso Morandi (2008, p. 16) diz que:
                                     
A educabilidade como fenômeno de formação do individuo e da sociedade em que vive consolida a pedagogia como parte racional e sistematizada da organização da educação. O ser humano como finalidade, mas também a humanidade como processo relacional, como experiência de troca real entre aquele que guia e aquele que aprende, constitui a principal dimensão pedagógica.

 Em relação às transformações pedagógicas e da educação o mesmo autor ressalta ainda que:
 
A educação, do ponto de vista de seu funcionamento e do desenvolvimento dos indivíduos, é uma das atividades comuns a todas as sociedades humanas. Ela se renova constantemente pelo processo geracional e pela história das sociedades. Não existe verdade pedagógica, a não ser no conjunto dos princípios escolhidos por uma sociedade.

Ensinar é algo majestoso, requer dedicação e força de vontade, o autor acima (2010, p.23) retrata que, “ensinar é um termo de grande alcance, que pode recobrir diversos significados e produzir diferentes resultados naqueles que aprendem.” Talvez seja por isso que normalmente acaba por produzir prazer e satisfação naqueles que ensinam.
 
“O mínimo que se exige de um educador é que seja capaz de sentir os desafios do tempo presente, de pensar sua ação nas continuidades e mudanças do trabalho pedagógico, de participar criticamente na construção de uma escola mais atenta as realidades dos diversos grupos sociais” (NÓVOA, 1999, p. 15).

 Neste contexto, Cordeiro (2010) cita a palavra didática, que no verbo grego “didasko”, significado ensinar ou instruir, mas Comenius, ainda o autor, dá outro significado cujo “tratamento dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la eficiente”, ou melhor, “arte de transmitir conhecimentos; técnica de ensinar”.
 
Assim, tanto didática quanto pedagogia, consideradas no seu significado central, trazem o sentido de transmissão, orientação, condução, guia, direção, transporte. E esse conjunto de significados parece ser inseparável da própria ideia de ensinar e de ensino, por mais que isso tenha sido criticado, desde finais do século XIX, por diversas correntes pedagógicas consideradas mais modernas ou avançadas (CORDEIRO, 2010, p. 18).
 
Cordeiro (2010) descreve que a didática fornece escolha, entre os vários meios diferentes que o professor tem, para tornar a aprendizagem em um sucesso e Perrenoud (2002) cita um ditado que vai de encontro ao pensamento do outro autor, “é melhor ensinar a pescar que dar o peixe”.

Um professor preparado com bom planejamento, métodos inovadores, que busca conhecimento para ter domínio do conteúdo a ser ministrado, descreve Cordeiro (2010), é um professor que pensa didaticamente, porque é na didática que ele encontra recursos e procedimentos, para então, “transmitir um determinado conhecimento para os alunos”.
 
O trabalho do professor não se resume apenas ao ensinar as matérias que compõem o currículo escolar propriamente dito, […] “ele vincula-se ao ensino de um conjunto de saberes para as crianças e os jovens, bem como de um conjunto de hábitos, procedimentos e valores (CORDEIRO, 2010, P. 85)”, ou seja, ele vai além das fronteiras da escola, pois o que o aluno aprende na instituição escolar ele leva para a sociedade a qual ele está inserido.
 
A escola exerce um papel de suma importância na vida dos estudantes em geral, mas em especial aos alunos das classes mais desfavorecidas financeiramente, que por diversas vezes têm seus direitos a informação, cultura e educação negados ou negligenciados.
 
Trata-se de admitir que, para além de (ou juntamente a) ser uma instituição destinada à socialização das crianças e dos jovens, a escola tem uma função bastante precisa propiciar acesso ao saber. Para as pessoas provenientes dos setores mais pobres da sociedade, talvez esse seja o único lugar social em que elas poderão ser postas em contato com um conjunto de saberes, práticas, instrumentos e aparatos intelectuais que não costumam estar facilmente disponíveis em outras instituições: as ciências, a literatura, as artes, os livros, enfim, grande parte do patrimônio cultural acumulado socialmente só costuma chegar à maioria das pessoas mediante aquilo que se é apresentado na escola, durante o ensino fundamental e médio (CORDEIRO, 2010, p.109).

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