Home A Artesã Minhas Artes Contato

segunda-feira, 16 de março de 2015

O POTENCIALIZADOR DA OBESIDADE



A mídia potencializa o sedentarismo

 Não foram apenas os hábitos alimentares que mudou. Walker (2002, p.28) descreve que a tecnologia está mais avançada, maior oferta em alimentos congelados, fast food e a saída dos pais para uma maior jornada de trabalho. As atividades e brincadeiras das crianças também sofreram alterações drásticas.
       Figura: Thiago Lobo, Revista Vida e Saúde, 2011



Pelas ilustrações anteriores, resume tanto a preferência como mudança das crianças em cada década e como o gasto calórico acompanhou nesta mudança.
 
As crianças brincavam nas ruas, cujo espaço era maior devido ao menor fluxo de carros, menor índice de criminalidade e baixo consumo de drogas. Com o passar dos anos a criança passou a ficar mais dentro de casa, assistindo mais programas infantis e vídeo game de última geração, como afirma Luengo (2010, p.71):
 
É possível ver a “olho nu” que nos últimos anos a sociedade mudou e, por consequência, as crianças também mudaram. Fazem parte de um mundo globalizado, consumista, no qual as brincadeiras de rua deram lugar aos computadores e aos jogos eletrônicos e solitários, que, embora também possam estimular o sistema cognitivo das crianças, “roubam” a oportunidade de socializar e gastar a energia física além da mental.

Figura: Brincadeiras que permitem um gasto energético maior. Disponível em: www.gruposobam.com.br

Segundo Viana et al. (2008), a criança e o adolescente tem maior probabilidade a obesidade se não praticarem nenhuma atividade física. A criança obesa não gosta das atividades físicas, ou porque não apreciam ou porque encontram dificuldades na habilidade esportiva.

        Darido e Souza (2008) afirmam que a atividade física, junto com a alimentação saudável, colabora com a redução da obesidade. A pessoa que pratica atividades físicas escolhem alimentos com menor taxa de caloria e descrevem:
 
Já não há relação das atividades físicas com os deuses ou com a sobrevivência da espécie. Em nenhum outro momento da história da humanidade a atividade física esteve tão relacionada a saúde, sendo reconhecida recomendada por profissionais da medicina, da motricidade, da psicologia, da fisioterapia, entre outros. Assim, é bem pouco contestável a ideia dos benefícios advindos da prática regular de atividade física. (DARIDO; SOUZA, 2007, p. 286)


4.4 A mídia em debate


Diniz (2012) relata que a ANVISA, em 2010, baixa uma resolução com regras específicas para a publicidade de alimentos, repercutindo polêmica e a suspensão três meses depois pela Justiça Federal, sendo esta:
 
A medida previa que ao final das propagandas de produtos com elevadas quantidades de açúcar, sódio e gorduras saturadas ou trans, deveria ser emitido um alerta sobre os riscos desses produtos para a saúde. [...] O pedido de suspensão foi feito pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).

Em um debate ao vivo, de um programa no Rio de Janeiro, do jornalista Alberto Dines, a autora Diniz (2012) descreve a intensão do promotor público, João Lopes Junior, ao ressaltar a importância na restrição da publicidade de alimentos direcionada as crianças, porque é possível e necessária, sendo estas as palavras do promotor:

 Ela pode significar um dever do Estado. A Constituição brasileira exige que o Estado adote políticas públicas preventivas na área de saúde. Se hoje nós temos uma epidemia de obesidade no mundo inteiro e se essa epidemia é causada pelo consumo excessivo de determinados alimentos, e se a publicidade estimula – sobretudo para crianças – esse consumo excessivo, evidentemente essa restrição se mostra necessária no contexto de uma saúde pública para promoção da saúde da criança.
 
Em o mesmo programa, Diniz (2012) descreve a fala do ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, questionando “será que a publicidade, ao colocar um produto de maneira inteligente, sedutora, inovadora, mostra o outro lado? O que tem ali dentro que, se consumido abusivamente, pode fazer mal para a saúde?”, o qual o ex-ministro continua acrescentando que uma propaganda causou problemas à saúde pública, porque o tema era: “Danoninho vale por um bifinho.” A autora ainda descreve a afirmação do ex-ministro:
 
A sociedade vive paradoxos. De um lado, há uma gigantesca máquina voltada para o consumo e, de outro, um forte mercado de dietas mágicas, livros de autoajuda, academias de ginástica. Ao mesmo tempo em que a propaganda diz `coma um pouco mais disso´, diz `você tem que ser magrinho´.

 O ministro continua criticando a publicidade, cuja essência do que é vendido é construído por uma pedagogia perversa, “inevitavelmente, o Estado tem que entrar como regulador desta questão. [...] deve haver regulação e essa regulação deve ser discutida por toda a sociedade, eu creio que sim” (DINIZ, 2012).

 Diniz continua descrevendo o mesmo programa, mas em São Paulo, contando com a participação de Ekaterine Karageorgiardis, advogada do Instituto Alana, Ong. “de proteção à criança que desenvolve atividades voltadas para a área de consumo”, cuja explicação refere-se às denúncias de propagandas inadequadas para crianças: “A gente tenta dialogar com a sociedade de uma forma ampla, que envolve as famílias, as empresas e o poder público” e o Instituto Alana acredita que encaminhar aos órgãos competentes, como a legislação, a Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Código do Consumidor e as outras leis, defendam “a criança de forma integral e absoluta”.

 A mesma autora relata a entrevista da advogada Ekaterine Karageorgiardis, que diz: “A abusividade e a ilegalidade de se direcionar uma publicidade à criança é porque se sabe que ela é ingênua e que vai replicar essa informação, transmitindo-a para o responsável, e vai ser uma promotora de vendas” e a publicidade encontra outras opções “de venda como as embalagens, a colocação dos produtos nos pontos de venda e a distribuição de brindes infantis colecionáveis junto com as refeições” para influenciar a compra.

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...